terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Vinho & Anfetaminas

Não acredite no que digo. Agora nem esse falso estado psicótico me delata. Essas visões não são reais. Portanto, não preste atenção nas alucinações em que me meti. Não quero continuar com essa história de imagens surreais. Não aqui. Outro dia eu pensava enquanto caminhava na rua. Agora nem isso. Só meus olhos injetados de cimento. Venha logo que te espero com música & uma garrafa de Duvalier barato que eu comprei ali na esquina. Não tem nada pra comer. Eu pensei que você já havia jantado antes. Me desculpe. Eu não tinha dinheiro. Ou eu comprava o vinho ou eu escolhia algo pra você comer. Pensei que fosse preferir o vinho. Eu só queria ser romântico. Há dias que eu só como pão. Pão & vinho. Tenho andado dionisíaco. Componho poemas sentado sozinho mas logo os esqueço. Tenho fumado muito também. Essa tosse não te engana, não é? Você que sempre dizia... não importa. A janela fica à esquerda no corredor. Pode pular. Aqui é alto o suficiente para um vôo tranqüilo. Eu nunca tentei. Não tive coragem. Toda vez que cheguei perto dessa já-ne-la. pensei & voltei pra cá. Esse é o meu lugar. Aqui eu me sinto bem. Daqui eu vejo os telhados cheios de sujeira & os pombos cagando o tempo inteiro nas cabeças dos pedestres. Aqui eu posso criar mil mundos enquanto meu estômago se contorce de fome. Que coisa mais boba. Ali na prateleira ainda tem alguns biscoitos. Eu gosto desses amanteigados. Com mel. Mas o mel acabou. Não leve a mal, mas eu me viro do jeito que posso. Comida é um troço caro. Então na maioria das vezes eu prefiro um maço de cigarros ou mesmo uma garrafa desse vinho vagabundo. Não sofro remorsos por causa disso não. Pode passar aqui sempre que quiser. Eu sou mesmo muito sozinho. Às vezes é bom conversar um pouco você não acha? Se quiser também pode trazer alguma coisa pra beber. Nem sempre sobra grana pro Duvalier. Ah, o teu casaco. Já ia esquecendo do casaco.

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